quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Haverá um método certo para fazer a ementa semanal?


Apesar de este ser um tema recorrente aqui no blogue, são sempre muitas as dúvidas e questões que me colocam sobre o tema de organização e planeamento da ementa semanal. Porque não conseguem fazer a ementa, porque  é difícil seguir um plano pré existente quando há dias que apetece outra coisa, porque não sabem como reduzir a compra de produtos desnecessários e apenas comprar o que necessitam para a semana, sem excessos ou desperdícios.
Nem sempre é fácil. Ou melhor: à medida que o fazem com mais frequência torna-se cada vez mais simples e intuitivo. Como todas as coisas que não estamos habituados a fazer, o início pode ser um desafio, mas rapidamente, assim que entrarem na rotina, torna-se tudo mais simples.
Eu própria já “alterei” os meus próprios métodos algumas vezes. Porque descobri outras soluções que resultam melhor comigo, porque me adaptei melhor a outra ideias. E isto vai acontecer com todos. Não há um método infalível para fazer e organizar a ementa semanal, e muito menos um método que funcione com todas as pessoas. O melhor é mesmo começarem e depois irem fazer pequenos ajustes até conseguirem o que resulte melhor com vocês.
Há no entanto pequenas sugestões universais que acho que podem resultar com todos.

  • Planear semanalmente: Antes de começar a fazer as ementas semanais, usei durante algum tempo um planeamento mensal. É mais difícil de organizar e ainda mais difícil de cumprir. Temos uma pior gestão dos nossos recursos alimentares e uma maior tendência de deixar estragar. E invariavelmente obriga-nos a fazer compras intercalares quase semanais, no caso do pão, frutas e legumes, iogurtes e queijo ou fiambre. E é também mais difícil conseguirmos tirar um maior proveito das sobras de outras refeições.

  • Pré escolher as receitas que queremos fazer: Ter uma lista de receitas que queremos fazer durante a semana e comprar especificamente para aquelas receitas costuma ser um método que resulta. Se é daquelas pessoas que não gosta de planear à segunda vai comer frango e à terça feira pescada, deixe em aberto o que é o jantar em cada dia, mas escolha as receitas que pretende preparar durante toda a semana, fazendo uma lista de receitas em vez de uma ementa semanal. Pessoalmente acho que resulta melhor uma ementa semanal, mas nós não somos todos iguais, nem todos temos de usar o mesmo método.

  • Escolher ingredientes em vez de receitas: Se gosta de deixar em aberto a criatividade no momento de preparar o jantar, em vez de decidir o que comer a cada dia com receitas e refeições definidas, escolha apenas o ingredientes principal e deixe-se inspirar par criatividade do momento. Pessoalmente uso este método muitas vezes. Quando não tenho uma ideia definida e exata de uma receita, na ementa semanal, em vez de escrever a receita a fazer escrevo apenas o ingrediente principal e cozinho de acordo com a inspiração do momento. Perfeito para quem é criativo, mas péssimo para quem não tem ideias novas e nunca sabe o que cozinhar. Vai acabar na mesma rotina de todos os dias.

  • Dia em aberto: Deixe sempre alguma margem para evitar os desperdícios. Cá em casa costumam ser os jantares de domingo, onde escrevo na ementa “qq coisa rápida”. Aqui tenho a margem para acabar com as sobras da semana, ou de inventar qualquer coisa na hora. Mesmo naqueles dias em que dizemos que não há nada para jantar, facilmente sai uma pizza caseira, uma quiche, uns ovos com qualquer coisa ou uma simples massa com aqueles indispensáveis em qualquer despensa. Esta é uma das melhores maneiras que conheço de combater as sobras do frigorífico e onde muitas vezes saem combinações curiosas e jantares de tapas.

  • Ter noção do que realmente consumimos: Este é talvez o tópico mais difícil de explicar, e aquele em que apenas a expediência e a pratica nos vai ajudar. Saber aproximadamente a quantidade de queijo e fiambre que consumimos semanalmente para não comprar a mais e não deixar estragar. Saber quantos iogurtes comemos, aproximadamente quantas peças de fruta, ou a quantidade de legumes aproximada para as sopas e acompanhamentos de uma semana. Tudo bem que a fruta aguenta mais e uma semana, e que podem sobrar legumes e saladas que também aguentam mais dois ou três dias. Mas é muito mais saboroso comer espinafres apanhados à dois dias, do que andar a escolher as folhas já pouco viçosas dos espinafres comprados na semana anterior e que não chegamos a consumir. Ou comprar uma pêra no ponto certo de maturação, do que andar a comer as pêras que já se estão a estragar porque compramos 2 kg e agora temos de as comer todas e depressa antes que vão parar ao lixo. Só com a prática conseguimos um menor desperdício nesta área, e eu sei que nem todas as pessoas gostam de chegar à véspera de ir às compras com pouca coisa em casa. Cá e casa resulta, o desperdício passou a ser mínimo e se vou às compras no dia seguinte, não me importo de ter aberto o último pacote de leite.

  • Tirar partido das promoções: Atualmente todos os supermercados fazem promoções semanalmente, quase sempre das mesmas coisas, ou ciclicamente das mesmas coisas. Pessoalmente acho que quase que não faz sentido comprar quantidades enormes de carne só porque está em promoção. Na maior parte das vezes, passado um ou duas semanas um ou outro supermercado voltam a fazer a mesma promoção. No entanto aproveito algumas promoções para elaborar as ementas semanais. Posso aproveitar para comprar, por exemplo, polvo numa determinada semana porque sei que está em promoção. Ou então, apesar de saber que tenho tudo o que necessito para essa semana aproveitar para comprar e já ficar com uma refeição definida para a semana seguinte. Mas comprar 5kg de febras ou 3 kg de dourada - até porque somos só dois cá me casa - apenas porque está em promoção é um investimento que eu prefiro não fazer. MAS, cada um deverá utilizar as promoções e descontos da maneira que acha que trás um maior benefício ao seu método e planeamento das compras e da economia doméstica.

  • Anotar tudo: Fazer inventário da arca congeladora e saber tudo aquilo que temos congelado. Anotar que é necessário comprar farinha e açúcar assim que abrimos o último pacote. Definir refeições com todos os ingredientes disponíveis em casa, nem que seja apenas para saber o que temos em casa. Escrever numa lista a falta dos ingredientes assim que dermos por isso.

  • Fazer Stock: Mais uma vez, as promoções semanais de todos os supermercados vieram tornar desnecessário a maior partes dos stocks alimentares. De vez em quando lá aparece uma promoção ou acumulação extraordinária, mas actualmente as promoções repetem-se e tornam os stocks quase desnecessários. Coisas como azeite, café, açúcar, farinha, massas, atum, iogurtes, salsichas, detergentes, papel higiénico…. estão quase todas as semanas em promoção. Quase que basta fazermos uma gestão simples do que temos em casa, comprar no máximo duas unidades que quase de certeza que da próxima vez que necessitarmos comprar está novamente em promoção.

  • Dividir compras: Muito se fala também acerca de dividir as compras por vários supermercados. Mais uma vez só a pratica, o saber realmente quanto custam os produtos que consumimos, e a distância que temos de percorrer para ir a certos supermercados podem determinar corretamente se vale ou não a pena. Eu tenho um supermercado de eleição, mas faço compras em quase todos os outros. E compro coisas específicas em certos supermercados. Porque gosto da relação qualidade/preço, ou porque gosto apenas muito de certos produtos, ou porque há promoções que valem a pena. Toda essa gestão acaba por compensar. Principalmente se a conseguirem encaixar na vossa rotina semanal, sem que para isso percam demasiado tempo em ir às compras. E sim, para ir a vários supermercados é também necessário ter uma “disciplina” que não nos faça comprar tudo o que queremos, mas apenas o que realmente necessitamos.

  • Necessito mesmo disto?: Há coisas que não compro habitualmente. Porque não necessito, porque não trás nenhuma mais valia para a nossa alimentação, porque prefiro gastar esse valor e comprar um bem essencial que poderá ter maior qualidade do que comprar algo supérfluo. Mais uma vez, cada um saberá melhor do que ninguém os seus hábitos de consumo e o que é realmente importante para si. Por mero exemplo aqui fica uma pequena lista de coisas que não compro, porque acho que não são necessárias, ou porque as faço em casa, ou apenas porque não: Bolachas, snacks salgados, compotas, refeições prontas ou congeladas, sumos e refrigerantes (excessão feita para a ocasional coca-cola porque eu gosto e de vez em quando sabe-me bem!), bolinhos e sobremesas, batatas fritas, cereais de pequeno almoço, guloseimas)


  • Lista de Compras Sempre: Podemos planear tudo muito bem. Ter a ementa semanal organizada e inventário do congelador mas, se não usarmos uma lista de compras e aprendermos a comprar apenas aqueles itens - que são os que realmente necessitamos - toda esta gestão de reduzir e evitar desperdício vai por água a baixo. Além de nos esquecermos de metade do que temos para comprar. Assim de repente quem é que se vai lembrar de tudo o que necessita para uma semana de refeições e ainda das coisas que estão a acabar lá por casa? Torne a lista de compras sua amiga e não saia de casa sem ela.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Desperdício Zero


Eu sei que já passou algum tempo desde a ultima vez que aqui escrevi, mas este início de ano está a ser mais atribulado e ocupado do que eu pensava. Mas pronto, aqui estou de volta.

Como sabem,  a questão do desperdício alimentar é algo com que me preocupo. Muitas vezes, e quase sem querermos, acabamos a desperdiçar alimentos. Seja porque compramos mais quantidade do que a que necessitamos, porque não sabemos gerir o conteúdo do nosso frigorífico e stock de produtos frescos, ou simplesmente porque não sabemos o que fazer com algumas “sobras” que entendemos como desperdiço.
Em relação a comprar mais quantidade de alimentos do que aquela que necessitamos, nada melhor do que a solução mais do que falada das ementas semanais. Eu sei que o assunto já cansa um bocado, mas quem nunca implementou esta solução, não sei se perceberá bem como isto faz a diferença. E não é apenas uma aprendizagem de uma ou duas semanas. Leva algum tempo a termos uma percepção real do que gastamos semanalmente e da quantidade necessária para termos o mínimo de desperdício. Seja o pão, a fruta, os legumes e a fruta ou até a carne e o peixe. E se muitas vezes a solução passa por congelar, noutros caso isso nem sempre é possível.
E aqui, entra a questão de saber gerir o conteúdo do frigorífico e o stock dos produtos frescos ou com validares limitadas. E que acaba por estar ligado à questão das ementas semanais.
Se por uma lado fazemos a ementa, planeamos as refeições, por outro há sempre as sobras habituais, os “restinhos”, as duas cenouras que ficam na gaveta, o resto do pacote do queijo, ou os cogumelos que não usamos todos. 
Aqui em casa, na quinta ou na sexta feira é tempo de dar uma volta ao frigorífico e ver o que está a mais e “gastar” esses alimentos numa refeição improvisada antes de fazer uma refeição de raiz. Sim, há uma alteração da ementa semanal. Ou não. Porque a nossa ementa pode sempre já ter previsto o dia de limpeza. E mesmo naqueles dias em que achamos que não há “restinhos”, nem sobras, há sempre uma massa rápida que de pode fazer, uma lata de atum e grão de bico na despensa, um pouco de pão para umas bruchetas, ou até umas empadas caseiras congeladas que servem o propósito.
Assim, ao preparar a nova ementa semanal e a nova lista de compras - mas principalmente antes de irmos às compras - não há nada que se esteja a desperdiçar ou a estragar.
Eu sei que há algumas pessoas que não gostam de ter o frigorífico quase vazio. Mas se vão às compras ao sábado de manhã, qual é o mal de gastarem a ultima peça de fruta na sexta à noite, ou de usarem a ultima couve no jantar de sexta-feira. O frigorifico poderá estar quase vazio, mas se não houve desperdício de nada, se conseguiram planear todas as refeições de forma equilibrada e sem faltar nada, que mal pode ter, a não ser uma boa gestão do que compramos?
Mas se estamos a falar de desperdício alimentar, há outra questão que não pode nem deve ser esquecida, e que, em troca de comentários com uma leitora do blogue As minhas receitas, acho que faz todo o sentido. E o desperdício dos alimentos que já damos como desperdício?
A rama das cenouras, beterrabas ou nabos? Os talos dos brocolos e das couve flor? A fruta tocada? A rama do alho françês e até a casca das cenouras?
Aparentemente vemos tudo isso como um desperdício, mas facilmente podemos aproveitar algumas destas coisas de formas que nem sabíamos ser possível.
A rama da cenoura (principalmente válido para quem compra cenouras no mercado onde ainda se vendem com rama, ou que as trazem da horta), dá um excelente esparregado, sabiam? Mas também é possível utilizar em pesto, ou na sopa como se fosse um caldo verde. A rama das beterrabas pode ser cozida e salteada, assim como as dos nabos, ou usada para fazer uma espécie de arroz de espigos, mas em vez de espigos usar as ditas ramas. E há também a possibilidade de usar em risotto. Podem não acreditar mas com a rama da betarraba fazem um risota que fica cor-de-rosa e até bastante saboroso, segundo o que consta. (Só estou à espera que as minhas beterrabas cresçam para poder experimentar!)
A fruta tocada pode acabar num sumo natural, num bolo ou numa sobremesa. E podem sempre congelar para utilizar mais tarde em sumos, smothies ou batidos.
A abóbora que compraram e ainda não utilizaram e está a começar a ficar tocada, pode ser desde logo assada e triturada. E assim, quando quiser preparar um risotto ou um puré, já tem meio caminho andado. 
A carne que é só um bocadinho, ou o peixe que também não é muito com mais qualquer coisa como um pouco de chouriço ou de atum, e um pouco de massa acabam numas empadas ou nuns pasteis. E algo que nem dava para um, dá agora para dois ou três.
Há depois aquelas receitas perfeitas para aproveitar restos: fartes salgadas, pastelões de ovos (fritatas), lasanhas, massas ou um arroz de “misturada”.
As claras que sobram do leite creme podem acabar em suspiros que rapidamente se tornam uma sobremesa com umas natas batidas e um pouco de frutos vermelhos.
O pão que vai ficando duro deve ser ligeiramente seco no forno e depois ralado. E podem congelar e ter assim pão ralado sempre pronto a utilizar seja para colocar por cima de um gratinado, seja para usar para fazer um rolo de carne ou umas almôndegas.
A rama do alho francês, juntamente com as cascas das cenouras e outros supostos desperdícios, dão um caldo caseiro de legumes, juntamente com outros aromáticos e depois de devidamente coado por uma gaze. Para risotas, sopas ou até para um simples arroz ou carne estufada.
E se deita fora os talos dos brócolos e da couve flor, nem sabe o que está a perder. Cá em casa usam-se para as sopas e ficam deliciosas e cremosas e é uma opima maneira de usar menos batata - isto para quem coloca batata na sopa.

Isto são apenas pequenas sugestões para evitar desperdiçar, e aproveitar tudo ao máximo. E que soluções é que vocês usam?  Vamos evitar o desperdício? Deixem as vossas ideias de aproveitamento na caixa de comentários.